Anticristo...

Para Lars Von Trier, o diretor, Anticristo foi uma espécie de teste... o diretor dinamarquês encontrava-se em forte depressão a dois anos e não sabia se poderia realizar um filme novamente... O roteiro foi escrito como um exercício e algumas cenas que ele sonhou foram inseridas no filme, como pesadelos... O que torna Anticristo um dos filmes mais importantes da carreira do diretor, e provavelmente o filme mais forte de 2009...

O filme conta a história de um casal, que acaba de perder seu filho em um acidente doméstico... na verdade, a criança saiu do berço e se atirou de uma janela enquanto os pais faziam sexo... e isso é tudo explicado na linda cena de abertura do filme, toda em preto e branco e em câmera lenta... A mulher entra em estado de choque com a perda do filho e o marido, que é terapeuta, decide ele mesmo cuidar da esposa... o tratamento consiste em levar a esposa para o lugar que ela mais teme, uma cabana isolada em uma floresta chamada Éden...

Sabe aquele filme que quando termina você pensa: nossa, já acabou? Como passou rápido... Isso aconteceu comigo ao assistir Anticristo, Von Trier conseguiu criar um clima que prende a atenção aos 110 minutos de duração do filme, que é dividido em quatro capítulos, mais um prólogo e um epílogo... o clima é tão envolvente que nem percebe-se o quão absurdo é uma raposa aparecer falando “o caos reina”...

Além da direção competente de Von Trier, Charlotte Gainsbourg e Willem Dafoe, que interpretam o casal protagonista do filme, se entregam aos seus personagens de maneira comovente... os diálogos entre o casal são totalmente convincentes, assim como as cenas sexuais e as trash, que parecem muito mais reais do que os “albergues” da vida...

Anticristo é um filme forte, que chama atenção desde o título até a cena final, novamente em preto e branco e com uma fotografia linda... Von Trier, depois de ir ao fundo do poço, mostra que ainda tem muito a contribuir com a sétima arte...