

É difícil explicar o rock n’ roll... um sentimento, estilo de vida, é muito mais do que só a música... E em 1973, isto tudo estava perto do fim... a idéia de que a música era mais importante que tudo estava sendo trocada pelos ideais capitalistas, acordos milionários, músicos com grandes mansões. Mas ainda existiam aqueles que viviam a música e a veneravam... como William (Patrick Fugit), um rapaz de 15 anos que desenvolveu esse gosto ao ganhar uma coleção de discos da irmã (Zooey Deschanel).
Mesmo vivendo sobre a repressão da mãe (Frances McDormand), William escrevia sobre rock para um jornal local, fez alguns trabalhos para a revista do crítico, amigo e conselheiro Lester Bangs (Philip Seymour Hoffman) e acabou sendo convidado para escrever uma matéria para a grande revista Rolling Stone: 3000 mil palavras sobre o Stillwater, uma banda de segundo escalão que acabara de lançar o terceiro disco e almejava lugar entre os grandes...
Mais difícil é lembrar em qual o momento o rock entrou na nossa vida... quando você começou a sentir aquela sensação... no filme, somos apresentados ao mundo do rock n’ roll juntos com William. Ele era só um menino que ouvia e venerava, desconhecia o conturbado mundo de turnês, mentiras, fãs, as brigas de egos: “eu sou o líder da banda e você é o guitarrista místico, foi assim que combinamos” diz Jeff (Jason Lee), o vocalista, para o companheiro.
Quem nos guia para esse outro lado é o guitarrista Russell (Billy Crudup), na cena em que entra no palco ao som da pulsante bateria de Fever Dog e nos diz (ou diz para William): “se coloca ali”... e, o que parecia um drama/comédia familiar muda de tom. Agora vamos rodar os EUA, tocando de cidade em cidade, sempre com as groupies ao lado... mas note que com algumas poucas exceções, a história de Sexo, Drogas e Rock N’ Roll é deixada de lado para prevalecer a música...
A época era de exageros enormes, orgias, álcool e drogas, mas aqui vemos uma versão romanceada disso tudo, a versão de um menino que realizava o sonho de muitos outros garotos da época... William é o próprio diretor Cameron Crowe, foi ele que viveu essas experiências enquanto cobria bandas como o Led Zeppelin ou The Who. A fictícia Stillwater e as situações ocorridas com seus integrantes são inspiradas em bandas da época, inclusive a hilária cena em que Russell diz que é um “Deus dourado” ao pular de cima de uma casa (dizem que Robert Plant fez isso)...
Além de William, existem outros personagens que são reais, como Lester Bangs e Penny Lane (Kate Hudson, em seu melhor papel até hoje), a famosa groupie por quem o jovem Cameron Crowe se apaixonou. O filme trata do amadurecimento, do rock, dos integrantes da Stillwater, mas principalmente de William... a liberdade, as descobertas do sexo e do amor. Ele nunca mais seria o mesmo depois de tudo que passou naquela turnê...
Ainda assim, Quase Famosos é um filme sobre a música e a paixão por ela, pode não ser 100% verídico ou não trazer novidades ao gênero, mas continua sendo o melhor até agora...
