Demolidor – A Queda de Murdock

Por Jardel Nunes

Certa vez li em algum lugar uma frase mais ou menos assim: “Peça para um não fã de HQs listar 10 heróis da Marvel, e muito dificilmente o nome do Demolidor irá estar nessa lista. Agora peça o mesmo para um fã, e verá o guardião da Cozinha do Inferno no Top5”... e eu acrescento um fato, tenho quase certeza que a maioria desses fãs, ao serem perguntados qual seria a melhor história do Demolidor de todos os tempos, responderiam: A Queda de Murdock...

A “Queda” é o famoso arco de histórias onde Wilson Fisk, vulgo Rei do Crime, descobre a identidade secreta do Demolidor (que foi trocada por um trago pela ex-namorada de Matt, Karen Page), e em vez de simplesmente revelar isso para o mundo, o Rei resolve usar sua grande influência para desgraçar a vida do homem mais honesto que ele já viu...

Assim, Matt perde tudo: emprego, sua licença de advogado, todo seu dinheiro (que o fisco prendeu por irregularidades no imposto de renda), sua casa (que é reconstruída em uma outra história já comentada AQUI) e sua sanidade... Matt não acredita mais em nada e nem ninguém e está totalmente perdido.

Frank Miller, que alguns anos antes tinha elevado o herói a um dos grandes da Marvel (e depois saiu do título), voltou aqui com uma verdadeira obra prima... ele leva o herói ao fundo do poço completo e depois o levanta de maneira grandiosa, e explorando muito bem todo o universo do personagem, principalmente sua vida fora da roupa vermelha...

O trabalho de arte de David Mazzucchelli não fica atrás, com um bom traço e segue o estilo mais “limpo” da época... mais interessante são algumas referências contidas nos desenhos, como o famoso quadro O Grito, representado em uma sequência com o personagem Ben Urich. No meio da edição, existe uma entrevista muito boa com o desenhista.

A Abril publicou essa saga duas vezes, uma em 1990 (esse texto se baseia nessa edição) no antigo "formatinho" e com qualidade muito questionável, e depois em 1999, com seu formato e cores originais, além de trazer capas desenhadas pelo brasileiro Roger Cruz especialmente para a edição (valeu Giba pela correção)...

E como a Panini, que tem os direitos sobre as HQs Marvel hoje em dia, nem pensa em tão cedo relançar esse material com um bela edição, temos que nos contentar com as antigas mesmo. Na época, a revista "formatinho" custava Cr$100,00... e hoje em dia só é possível achar-lá usada em sebos (geralmente em ruim estado), mas por 2 reais (valor que paguei na minha), vale muito a pena...